4 Pontos sobre Thelema

Faz o que Tu queres, há de ser o todo da Lei.

O amor é a lei; amor sob vontade.

— Aleister Crowley

Como relacionar isso com o estudado até então?

Não citei Crowley à toa. Esta frase não é sobre anarquia, hedonismo, caos ou libertinagem. “Faz o que tu queres”.

O que isto está dizendo explicitamente? Aja pelo imperativo de tua Vontade. A Vontade sempre transmite um querer, e o querer sempre implica em algo que se quer, e, quando se quer, é preciso saber necessariamente o que não se quer.

Posso eu querer que uma maçã não sofra a ação da gravidade? Querer isto, seria também não querer que a Lei atue, o que é loucura.

É este o primeiro ponto: um querer irracional denomina-se loucura, logo, não está sob a Lei.

O que quer necessita o querer que é racionalmente possível no conjunto universal.

O segundo ponto: é o fazer. Todos nós fazemos algo em todos os momentos desde que nascemos, porém, não é levado em conta que o contrário também ocorre: continuamente fazemos e continuamente somos feitos. Um aleijado não escolheu a perda de um membro, e não pode fazê-lo crescer novamente, por mais que o queira. Uma criança submetida ao ensino da matemática, irá fazer contas da maneira em que aprendeu.

O terceiro ponto é: fazemos o que queremos, e o nosso querer depende de como fomos feitos. E então? Todos fazemos, mas, nem todos queremos por nós mesmos, mas, o querer que é meu, necessariamente, não pode ser o do outro. A ideia essencial do querer é de causa que quer o efeito desejado. Querer comer, tem a causa na fome e deseja como efeito a saciedade. Não escolhemos ter fome. Então, o que é ser livre? Como definir a liberdade, se o nosso querer tem como causa o que não escolhemos querer?

O quarto ponto é: ser livre não é fazer o que queremos, mas, saber o que não queremos. E o que não queremos?

— Ser escravos de causas de um querer não primordial.

Liberdade é a consequência direta da disciplina e responsabilidade com que nos comportamos na vida. Saber o que realmente se quer, pressupõe posse do real conhecimento, e, este, é o de que não podemos produzir fenômenos, porquanto nós mesmos somos um fenômeno. Acima dos fenômenos da imputação, pairam a fatalidade causal das Leis superiores. Só se faz aquilo que se quer quando ama o que está a querer, e o amor só é correspondido quando adequado sob a vontade do que se ama. Portanto, se é possuído o amor à lei, o seu querer é o querer dela, e sua vontade coincide com a dela em sua totalidade.

A Liberdade é o amor à Lei, e sob o Amor, a Vontade é tudo, o Amor é o Todo.

93!

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27 de Jan. [1950]

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